Floresta mista, policultura e economia?
Policultura, associação de espécies e estratos nos novos sistemas florestais:
Existem muitas espécies florestais interessantes para além das amplamente cultivadas em Portugal.
As possibilidades são imensas, e podemos integrar numa exploração florestal espécies mais “nobres” como cedro, salgueiro, amieiro, choupo, carvalho americano e alvarinho, cerejeira, castanheiro, plátano, etc., dependendo claro, da região e das circunstâncias do local e da paisagem.
“A gestão e utilização das florestas e das áreas florestais, de um modo e a um ritmo que mantenham a sua biodiversidade, produtividade, capacidade de regeneração, vitalidade e potencial para desempenhar, agora e no futuro, funções relevantes, económicas, sociais e ecológicas, a nível local, nacional e global e sem causar danos a outros ecossistemas. Em termos mais simples, o conceito pode ser descrito como a obtenção de equilíbrio, entre o aumento da demanda por produtos florestais e a preservação da saúde das florestas e da diversidade. Este equilíbrio é fundamental, para a sobrevivência das florestas e para a prosperidade das comunidades que dependem da floresta.”
Definição de Gestão florestal sustentável, desenvolvida pela Conferência Ministerial sobre a Protecção das Florestas na Europa (FOREST EUROPE), e desde então sido adoptada pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO).

É possível integrar em culturas de curto prazo, como o eucalipto, outras culturas com ciclos maiores. Pressupõe uma mudança de paradigma e pensar (pelo menos em parte) a longo prazo, associando espécies de colheita rápida (eucalipto) com outras que tardam um pouco mais a produzir, mas com valores bem mais rentáveis acima dos habituais para eucalipto e pinheiro bravo.
Por outro lado, temos o exemplo recente de experiências no montado/sobreiral em que se chegou à conclusão que em regadio, o primeiro descasque da cortiça é feito ao oitavo ano, e o segundo, somente quatro anos depois.

Obviamente que não sugerimos produção florestal de regadio, mas sugerimos sim, o planeamento da paisagem e preparação de terrenos onde se tenha este factor em consideração, proporcionando assim uma “rega” passiva, através da hidratação da paisagem.

De forma a maximizar a área de produção e optimizar recursos e potenciais, propomos equilibrar estes conceitos num contexto de gestão florestal sustentável, com a utilização dos várias camadas ou estratos vegetais ‐ herbáceo, subarbustivo, arbustivo e arbóreo.
Assim podemos associar (por exemplo) eucaliptos a leguminosas perenes como a casuarina (sendo esta também uma opção válida para produção de pasta de papel), alfarrobeira ou amieiro (dependendo da zona) ou giesta.
Estas consociações de plantas beneficiam o crescimento geral das árvores e possibilita que as colheitas ocorram em rotação, salvaguardando‐se assim a existência permanente de vegetação no terreno após a colheita. Escusado será dizer que só mantendo uma estrutura perene vegetativa, através de sebes ou mesmo pela rotação temporal dos cortes/colheitas, se consegue reduzir a erosão, e a manutenção dos caminhos.
Lista de potenciais árvores e arbustos a incluir num plano de gestão florestal, associadas ao Eucalipto:
Acer negundo
Alnus glutinosa
Betula celtiberica
Castanea sativa
Casuariana equisetifolia
Cedrus atlantica
Cedrus lusitanica
Cupressus sempervirens
Fagus sylvatica
Fraxinus angustifolia
Juglans regia
Liriodendron tulipifera
Platanus orientalis
Pinus halepensis
Pinus nigra
Pinus pinaster
Pinus pinea
Populus nigra
Prunus avium
Robinia pseudoacacia
Quercus rubra
Florestas mistas com várias espécies de “rebrota” oferecem alto rendimento e diversificação.
Perspectiva sócioeconómica
Um espaço florestal produtivo economicamente e ecologicamente, pode e deve ser diverso e integrativo da população.
Ao criarmos um ecossistema florestal equilibrado, onde a estabilidade ecológica é atingida através de estratégias e técnicas integradas, podemos retirar produtos e subprodutos florestais com grande retorno económico que justificam a fixação de pessoas no meio rural através da criação de emprego. Hoje em dia o método de produção de florestas não consegue oferecer estas mais valias sendo que, pode ainda acarretar a degradação do tecido sócio‐económico local e ambiental.

Os produtos com origens sustentáveis são cada vez mais requisitados por sociedades cada vez mais conscientes, educadas e com poder de compra.
Exemplificamos algumas actividades, produtos e subprodutos que poderão ser a base de uma economia local:
Madeiras para indústrias da pasta de papel;
Madeiras para indústrias de construção;
Madeiras nobres;
Carpintaria/serrações que valorizam as subproduções;
Apicultura (mel e produtos associados);
Plantas aromáticas para indústrias medicinais, cosmética, fragrâncias naturais e óleos essenciais;
Eco‐turismo e lazer;Actividades tradicionais (ex: cestaria);Biomassa para produção energética (30% da biomassa);
Produção de nozes para alimentação humana e animal;
Produção de frutos para alimentação humana e transformação (ex: medronho/aguardente)
Pastoreio;
Cortiça;
Sequestro de CO2;Iniciativas pedagógicas e educacionais;
Fungicultura;
E muito mais…
Sistemas florestais ecológicos, umas referências: